05: Caliban e sua mala

Bela, hoje experimentamos uma dinâmica diferente: o Maurice e a tua mãe foram mais cedo, para começar o trabalho às 11h, fazendo um treinamento de teatro indiano que ele acha interessante ela passar, e nós ficamos de chegar uma hora depois. Bom, não foi exatamente o que aconteceu, porque dar conta de te dar banho, arrumar, fazer todas as negociações possíveis para conseguir que você vista a roupa, etc., etc., até chegar na Cartoucherie, é uma tarefa hercúlea! Resultado: chegamos mais de uma hora depois do previsto, mas tudo certo.

 

Eles começaram a trabalhar o Navarasa, que é o treinamento do teatro indiano das nove emoções. Quando chegamos, por volta das 13h30, eles estavam terminando o trabalho, para então almoçarmos e retomarmos juntos. Como não acompanhei, esse relato ficará a cargo da Paulinha.

 

Quando voltamos, pegamos a continuação da cena 2, após a Miranda acordar e seguir junto ao Próspero ao encontro do Caliban. A partir de então, exploramos possibilidades do Caliban mais ou menos na mesma estrutura que fizemos com o Próspero, a Miranda e o Ariel até aqui. Exploração com texto na mão, depois com a indicação externa (eu lendo e ela repetindo enquanto atua), até que o Maurice inseriu uma mala que tinha com ele, carregada com dois pesados tijolos maciços, para trazer o estado de irritação e cansaço por estar carregando lenha para o Próspero. A mala ficou muito pesada de fato, o que fez a Paulinha sofrer bastante com isso, o que foi bom! Rsrs…

 

A partir daí, experimentamos dois caminhos: primeiro o dos grunhidos no lugar de fala, reforçando essa ideia do selvagem, bruto, etc. Lembrei do Chewbacca, dos Star Wars, que só é entendido pelo Han Solo, mas nós o entendemos tanto pela situação, pela intenção do Chewie e, principalmente, pelas respostas do Han Solo. Essa pode ser uma solução bacana para explorarmos; o segundo foi inserir – primeiro no improviso, depois de fato escrevendo, com minha colaboração – milhares de palavrões no texto. Ficou engraçadíssimo ver a palavra shakespeariana sendo maculada daquela forma! No entanto, de fato ampliou a compreensão da situação e dos estados do Caliban pra Paula. Não tenho ideia de qual caminho vamos utilizar, mas é fato que temos algumas possibilidades muito interessantes levantadas nesse primeiro momento de exploração. Segue um trechinho de como ficou o texto do exercício (que o São Shakespeare nos perdoe e entenda que se trata de um mecanismo para melhor compreender seu texto!!! E Bela, mesmo depois que aprender a ler, não leia isso até ficar bem grandinha!!!! Rsrs…):

 

Que todas as doenças do caraio do seu cu que o sol suga da lama da puta que o pariu, charco da minha rola, e lixo da sua buceta tomem o filho de uma piranha do Próspero aos poucos em doenças do meio do seu cu arrombado. Os baitolas dos seus espíritos me escutam se eu praguejo uma porra de um carái. Não beliscam, me assustam com fantasmas, nem me picham ou levam pela buceta do escuro qual corisco pra eu me perder, a não ser que aquele viado sem pai mande.

 

Ainda foi possível explorar algumas variações da Miranda respondendo o Caliban, e ao final o Maurice propôs um jogo de variações dos personagens levantados até aqui, sugeridos sempre pela mudança da música. Fiquei pensando o quão rico está sendo esse processo pra Paula, que está podendo conhecer e experimentar todos os principais personagens da obra. Pra nós, que estamos de fora, também é uma forma de aprofundar na compreensão do texto shakespeariano, suas intenções, etc.

 

 

Amanhã seguimos no esquema das 11h (só que terminando às 15h, pois o Maurice tem espetáculo), e assim será até a sexta.

7 comentários sobre “05: Caliban e sua mala

  1. Adoreeeeeei o texto! hahaha
    Como sugestão de exercício, poderíamos tentar mesclar: grunhido na fala original shakespeareana, só deixando os palavrões em português!
    Acho que pode ser interessante – enquanto exercício!

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    1. Di, só você, mesmo!!!! Até de longe, não deixa de ser meu assistente!!! KKKKKKKK. Ótima ideia, quando formos retomar o Caliban, vou experimentar isso, acho que pode dar samba! Continua lendo e comentando, viu???? Beijo!

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    2. Pois então sugira mais alguns palavrões, porque eu tive a maior dificuldade de lembrar alguns, da minha boca só saía “coisas de menina”, cara de xixi… Rsrsrs… Beijos!

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